sexta-feira, junho 24, 2011

Pequena menina ruiva



Cabelo vermelho e olho claro, lábios rosados e sorriso levado
Divertida e  pertinente
Amiga implicante e insistente
Irresistível em sua manha, seu jeito de dizer sem falar
Sua boca instigante, seu bailado inconstante cheio de alegria ao passar
Me fita, me encara e me domina
Mas também quer cuidado, ser guiada pela mão e levada sem direção
É fruta doce e cítrica, daquelas que explodem na boca,  e dá uma vontade louca de querer mais
Cabelo vermelho como o fogo e a pele branca como a lua
Pequena menina ruiva

segunda-feira, maio 30, 2011

Sinto vontade


Hoje eu sinto vontade, vontade assim repentina, guardada a algum tempo, sem origem, sem razão, sem direção...
Sem direção não!!! Direcionada, para as coisas que gosto, que sinto, que quero, que preciso.
Sinto vontade
De chocolate
De abraço apertado
De beijo molhado
De edredon roubado
De despedida forçada, só pra voltar com saudade
De chocolate quente em dia frio
De pipoca no cinema
De sorriso de criança
De carinho em cachorro afoito
De preguiça no sofá
De olhar indireto
De sorriso indiscreto
De olhar nos olhos
De companhia no meio da solidão
De música piegas
De poema simplista
De lágrima de artista
De esperança incerta
De encontro e partida
De viver a vida

Sinto vontade... ah como sinto vontade

sábado, maio 21, 2011

Todos sabem



Todos sabem, que nem sempre o que se sente é certo, controlado, satisfátorio ou simples.
Todos sabem, que nem sempre se gosta de quem se deve, se falam as coisas certas, se choram as lágrimas justas e se acabam os romances proíbidos.
Todos sabem, que o último adeus só é o último até que a saudade bata, que beijo bom é beijo roubado, que sonhos bons são aqueles que nos tiram o sono e que a angústia da distância só é vencida pelo calor da presença.
Todos sabem, que existem mil palavras, mil discursos, mil motivos para se ouvir a cabeça.
Todos sabem que o coração é cheio de artimanhas, não é confiável, não é justo e não é sábio.
Todos sabem o que devem fazer, mas sabem também que não importa o dever se o sentimento não caminhar com ele.
Todos sabem que o que pulsa dentro do peito é mais forte do que o que é definido na cabeça.

Todos sabem, sabem e sabem.... mas mesmo assim nunca compreendem.
Que tentar matar o que se sente é correr atrás do vento.
Que sufocar o que pulsa e matar a si mesmo aos poucos.
Que tentar encontrar o caminho da cabeça é correr pra longe daquilo que te faz "se encontrar"

Que lutar contra aquilo que se sente pode até ser "correto", mas também é infinitamente infeliz...

E que se abandonar pode até "valer a pena".... mas jamais vai valer a vida...

quarta-feira, maio 18, 2011

Como a música me ajuda a me encontrar



Quem nunca se sentiu perdido? Mesmo com todas as certezas lógicas que se tem, com sua cabeça dizendo o que é certo e o que faz sentido. Mesmo quando você faz todos os seus planos, que te indicam todos os caminhos para todas as saídas.

Mesmo assim, ás vezes a gente se perde. Ás vezes os motivos que te deixam sem rumo não são lógicos, não dependem de análises e não escutam sua cabeça e não seguem seus planos.

Porque existem motivos que estão além das palavras, que te levam a ficar sem rumo de uma maneira incompreensível para as letras, mas totalmente gritante para a alma.

Pra mim quando isso acontece eu escuto música.
Música é poesia, é mensagem subjetiva que objetivamente me diz muito com muito poucas palavras, é som que embala o sonho, que faz palpitar o coração, que libera a fúria e que seca, ou derrama, a lágrima.

Acho que é por isso que quando me sinto perdido para além das minhas noções, minhas virtudes, meus conceitos e meus defeitos eu apenas escuto música.

E mesmo que eu não entenda, isso de alguma forma pacifica a tempestade que existe em mim, me mostra uma luz, um caminho... sem palavras, sem explicações e sem autorias.

PS: Pensei nisso escutando "Lanterna dos afogados" numa apresentação Voz e Violão do meu mano Wagner... valeu mesmo irmão

terça-feira, maio 17, 2011

Quando a sua alegria é a dor de alguém



Nem sempre na vida tudo é preto e branco, nem sempre as marcas que delimitam o que é certo e errado estão visíveis, ás vezes essas marcas não existem e ás vezes tudo o que vemos são tons de cinza.

Então subitamente se descobre que embora você esteja bem e feliz, talvez aquilo que te trás prazer seja algo que paradoxalmente machuca alguém.

É muito fácil desistir quando o outro que é machucado tem controle daquilo que o machuca e luta contra isso. Assim você automaticamente desiste do que te faz feliz simplesmente porque o outro pode evitar a própria dor.

Mas também pode acontecer do outro não conseguir evitar, pode acontecer do outro não ter forças para lutar contra aquilo que o sufoca, até porque talvez ele nem saiba o quanto isso o maltrata. Então é muito fácil disfarçarmos nosso egoísmo, nossa necessidade auto-centrada de bem estar e de prazer, sobre uma imagem de busca pela felicidade, mesmo que essa felicidade seja dor para o outro...

O que fazer quando sua busca machuca quem você gosta?

É nessas horas que tudo aquilo que para você era preto e branco, muito bem definido, se torna cinza e você descobre que embora busque o bem, acaba causando muito mal.

Daí você percebe o quanto é dificil parar.
E o quanto a dor do outro é "justificável".
E o quanto você mesmo torna relativa sua noção de certo e errado.

Então pense...
Será que vale mesmo a pena ser feliz assim?

Então pense...
Vale a pena continuar nessa busca, mesmo que ela deturpe quem você é?

Então pense
Se você tem direito de buscar o seu céu sendo o inferno de alguém.


Apenas pare e pense

sábado, maio 14, 2011

Voltando a escrever...



Bom, quando comecei esse blog que queria uma forma de expressar o que eu sentia e vivia para além dos chavões e palavras básicas. Achei que seria bom e por muito tempo foi, mas então a vida foi andando e eu fui ficando sem tempo. Então o blog ficou abandonado.
 Agora muita coisa voltou a acontecer e acho que preciso voltar a me expressar. Sofro de uma "verborréia" incurável e acho que escrevendo consigo lidar melhor com ela. Vou mudando o blog aos poucos, pois eu também mudei e agora quero que ele fique mais com a minha cara....

quarta-feira, julho 18, 2007

As razões para o amor

Rubem Alves
Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa : “A rosa não tem “porquês”. Ela floresce porque floresce.” Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo…” - sem razões… “Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.” Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. “Amor é estado de graça e com amor não se paga.” Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. “Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
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Amor foge a dicionários e a regulamentos vários… Amor não se troca… Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo…” Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões.
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Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena…), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos. Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento, e se perguntava: “Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco.” O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá? Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor - frágil bolha de sabão - não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber.
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O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir aos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar… Mas - eu já disse - não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do Drummond, as cem razões do amor… Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: “Que é que eu amo quando amo o meu Deus?” Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: “Que é que eu amo quando te amo?” Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, “o que amamos é sempre um símbolo”. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra. Variações sobre a impossível pergunta: “Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no seu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios… Como Narciso, fico diante dele… No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura… Por isto te amo, pelos peixes encantados…”(Cecília Meireles)
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Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam. Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos. Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo…” Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. “O amor começa por uma metáfora”, diz Milan Kundera. “Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética.” Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder - delicado - da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada…